Across my Universe

terça-feira, março 30, 2004



Se hoje você se veste do jeito que quer e usa cabelo comprido sem ser incomodado, agradeça.

Se hoje você pode se declarar comunista, anarquista ou simplesmente do contra, agradeça.

Se hoje você pode baixar o pau no presidente, nos ministros, na economia, agradeça.

Pois houve um tempo, que não vai longe, em que nada disso era possível. Em que homens sombrios comandavam o país com mão de ferro e propósitos escusos. Em que pessoas desapareciam e não se podia falar nada. Em que inocentes eram torturados e eram torturados sem poder questionar. Em que o medo comandava as ações. E em que o silêncio, mais que ouro, era quase uma garantia de vida.

E agradeça a quem colocou a cara na rua, quem lutou com as armas que tinha, quem procurou as brechas que havia para inspirar esperança em quem dispunha de tão pouco para seguir em frente. Faça uma prece – qualquer prece, de qualquer jeito, de qualquer crença – por Herzog, por Henfil, por Chico, Betinho, Aldir, Sobral e Teotônio, por Lamarca, Gabeira e Elis, por tantos que não se conhece e que jamais serão conhecidos. Eleve seu coração a quem lutou para enfrentar, com coragem absurda, quem inventou o pecado, mas esqueceu-se de inventar o perdão.

terça-feira, março 23, 2004

Da série - Como eu passo as minhas tardes



Diálogo no icq com o Kobe:


Kobe:
credo, isso sim é neurose! =D

Lois Lane:
Você está me chamando de neurótica? Você acha que eu sou neurótica? Quem mais acha isso? :D

Eu sou totalmente dodói, meu bem... mais neurótica do que eu não há

KoBe:
Ah, a gente se equilibra

Eu preciso disso pra viver!! =DDDDDDD

Lois Lane:
Disso o quê? :D

KoBe:
Da neurose

Lois Lane:
Ah, sim...
Todos nós precisamos... porque, como diz o Caetano, "de perto ninguém é normal"

KoBe:
Tá certo q exageramos, mas isso é bom

Lois Lane:
Claro! Afinal de contas, um pouco de exagero demonstra passionalidade, que é uma atitude in

KoBe:
É claro...

Lois Lane:
Não sei porque as pessoas nos acham desequilibrados....

KoBe:
Nem eu
É super normal seguir a pessoa pra descobrir sua rotina

Lois Lane:
Ou desviar do seu caminho para passar em frente à casa da pessoa, ainda que você não saiba o andar em que ela mora

KoBe:
Ou então pegar o ônibus errado e ir parar na outra ponta da cidade, que mal tem?

Lois Lane:
E quem disse que é patológico olhar pra dentro do ônibus que você sabe que ela costuma pegar, só pra ver se a pessoa está ali?

KoBe:
Eu não vejo nada de errado nisso

Lois Lane:
Nem eu
Que atire a primeira pedra quem nunca fez uma loucurazinha de amor

***


Daí vocês tiram o nosso nível de doença mental. Eu acho que deviam nos internar, o mais urgente possível, com pelo menos três camisas de força cada um.

terça-feira, março 16, 2004

Explicação prévia

Apesar de não parecer, eu trabalho com uma criança de aproximadamente 4 anos de idade. Então, antes que ele me enlouqueça de vez, vou colocar no ar essa história sobre o boi. Pelo menos ele me compra esfiha da chinesa.


E aí tem uma televisão que fica do meu lado no trabalho – mas é uma 14 polegadas sem grandes ambições na vida: só mostra canais abertos, e olhe lá. Como se não bastasse, é obrigada a sintonizar, all day long, naqueles programas vespertinos que são produzidos com doses maciças de plasma sangüíneo.

Pois durante esse martírio diário surgiu uma pérola incomparável, que causou uma verdadeira convulsão histérica (e existe alguma que não o seja?) no diminuto recôndito iGuiano. Durante o Repórter Cidadão, com o incomparável Gil Gomes, logo após uma matéria macabra sobre um defunto escondido num sofá (isso às 5h da tarde, viva viva!), tivemos a – como definir? – imensa sorte de presenciar uma história que mexeu conosco como poucas.

Imagine você, caro leitor, que um jovem havia ficado noivo – e, por incrível que pareça, NÃO tinha matado a noiva; NÃO tinha sido morto pela consorte; NÃO tinha levado um tiro do pai da moça. Eu sei, nem parece uma matéria do Repórter Cidadão. Mas calma aí, teve sangue sim.

Eis que o noivo ficou tão feliz com seu enlace que quis dar uma grande festa, coisa para toda a vizinhança. “Mas para alimentar tanta gente assim, só um boi!”. Sábias, as palavras do sábio Gil: realmente o noivo sacrificou um bovino de grandes proporções. Mas aquele não era um ruminante qualquer; era o boi do melhor amigo do rapaz.

Até aí, (quase) nada. O que nos chocou sobremaneira foi um detalhe sórdido: o menino estava muito, muito, mas muito triste mesmo. De chorar pra câmera, com direito a musiquinha melancólica adicionada na edição. E por quê tanta consternação? “Porque o boi era meu amigo!”.

Bom, eu não sei vocês, mas tenho uma profunda dificuldade em aceitar que as pessoas sejam sozinhas a ponto de acreditar na amizade de um boi. Eu aceito o carinho por um animal, eu aceito que um ser humano goste de um bicho e até mesmo que a pessoa acredite na reciprocidade do afeto. Mas eu NÃO aceito que alguém pense que um boi seja seu melhor amigo! Até porque, com 6 bilhões de pessoas no mundo, é estatístico: tem que ter alguém que te ature e seja capaz de dizer algo além de “mu”.

Mas vejam vocês que, enquanto nos debatíamos em iguais doses de gargalhadas e luto, a Rede Tv! parecia não compartilhar da dor do menino – já que, enquanto mostrava o drama do órfão do boi, aproveitava para também exibir, na mesma tela, a mensagem “LOGO APÓS O TV FAMA, NÃO PERCA PEDRO, O ESCAMOSO!”. Falta de respeito, no mínimo.

sexta-feira, março 12, 2004

Você sabe que seu bairro é antigo quando...
...os bueiros têm a marca “Estado da Guanabara”

Você sabe que seu bairro é pitoresco quando...
...descobre um vizinho que é a cara do Mikahil Gorbatchov (mancha no rosto incluída)

Você sabe que tem uma rotina quando...
...encontra as mesmas pessoas no ponto, e os mesmos malucos no ônibus

sexta-feira, março 05, 2004

Quando eu digo que histórias fantásticas acontecem comigo, aposto que muita gente pensa que é invenção. Que eu, ao invés de trabalhar, passo minhas horas aqui no iG em delírios fantásticos, elocubrando maneiras de fazer vocês rirem. Infelizmente não é bem por aí – sinhozinho não deixa mucama parar, quanto mais pensar. Ou seja: é tudo verdade.

Pois bem: semana passada, quando entrei no ônibus (acho que é desnecessário indicar qual) notei que só tinha lugar vago ao lado de homens, e eu não sento do lado de homem no ônibus – porque já fui assaltada assim duas vezes. Podem me chamar de maricas, eu não ligo.

Depois de uma rápida checada, achei um lugar vago. Tinha um cara nojento no banco ao lado, mas era só ficar de olho nele e tudo certo. Certo?

Well, nem tanto. Dando mais atenção à figura, percebi que o passatempo do moço durante a viagem consistia em ficar com a mão dentro das calças. Acho que vocês entenderam.

“Ah, ele podia estar se coçando!”

Me poupe! Ninguém se coça durante 20 minutos. Não sem conseguir uma ferida extremamente dolorosa.

Enfim. Ainda que estivesse se coçando, ele o fazia olhando acintosamente para todas as mulheres que passavam, inclusive as que desciam do ônibus. Em determinado momento, ele olhou para as minhas pernas; eu prefiro acreditar que foi porque elas estavam sujas com a chuva, e não tentem me convencer do contrário.

Só pra concluir, ali na altura do Sambódromo ele tirou a mão da calça. O cheiro do ambiente ficou insuportável, como dá pra imaginar.

E antes de chegar no trabalho, um outro 238 passou por nós. Eu estava naquele? Não! Eu estava no 238 com potencial. O que sugere que meu destino é regido por alguma força estranha, e muito debochada.

ps: Vale lembrar que no mesmo ônibus estava um senhor que quase sempre viaja no mesmo carro que eu. Ele fala sozinho, mas pelo menos está lúcido quanto ao calendário: diz todos os dias direitinho (“Hoje é 05, amanhã é 06” etc), e já está com a cabeça no Carnaval de 2005, um dos seus assuntos preferidos.

segunda-feira, março 01, 2004

Conforme o prometido....


A imprensa marrom faz a festa


Agora vejam vocês que falta de profissionalismo: a jornalista aqui flagrada usou de sua influência para ser aceita na festança dos VIPs (no detalhe, a pulseirinha roxa destinada aos repórteres presentes ao evento), encheu a cara, dançou até o sol raiar... enfim, uma verdadeira vergonha para seus pares. A todas as famílias de bem fica o aviso: a rapariga é uma influência perniciosa para qualquer meio honrado!

Em breve, mais fotos desta ameaça ambulante! :roll: